sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Felipe, jovem desaparecido ha dias em Brasília foi encontrado por morador de rua


O morador de rua Adeílson Mota de Carvalho, 37 anos, que encontrou o universitário Felipe Dourado Paiva, 22 anos, nessa quinta-feira (22/8), também estava desaparecido. Os parentes não o viam havia cinco meses. Ele saiu de casa em março, um mês após fazer contato com a família e, depois disso, nunca mais deu notícia. Mas, com o desfecho do caso do aluno do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), que ocupou o noticiário de veículos de comunicação de todo o país, os familiares do sem-teto souberam do paradeiro dele.

A reportagem do Correio Braziliense conversou com a mãe de Adeílson por telefone nesta sexta-feira (23/8). Ela contou que o filho é dependente químico e a família mora em Redenção, no Pará. Já a ex-mulher do morador de rua, reside em São Paulo, com os dois filhos dela com Adeílson. 



Adeílson caminhava em direção à Água Mineral, por volta das 11h de quinta-feira, quando parou para pedir informação a uma pessoa dentro de uma caixa de papelão, sob uma mangueira e uma jaqueira, em um canteiro em frente a Rodoferroviária, a cerca de 100m de um posto de Segurança Comunitário da Polícia Militar. O estranho disse que não poderia sair da caixa porque estava dormindo. Mandou Adeílson voltar mais tarde. O morador de rua seguiu caminho até a Água Mineral. “Mas fiquei encasquetado e, na volta, fui ver quem era a pessoa que dormia dentro de uma caixa de apelão fechada”, contou.

Ao reencontrar o estranho no mesmo local, por volta das 14h, Adeílson suspeitou que o jovem era o mesmo dos cartazes de desaparecido que havia visto em alguns pontos da cidade. “Perguntei se ele tinha almoçado. Ele falou que não. Então, falei que ia comprar marmita para nós dois”, lembrou. O rapaz, porém recusou a oferta. Para contê-lo, o morador de rua disse que iria comprar doce para ambos e pediu que ele permanecesse ali. Adeílson caminhou um pouco e avisou a instrutores de motoescola, que dão aulas práticas no estacionamento da Rodoferroviária, para ficarem de olho no jovem.

Não satisfeito, Adeílson andou mais um pouco, até a feira popular próxima. Lá, encontrou um cartaz de desaparecido fixado pela família de Felipe. Ao conferir a foto, não teve mais dúvida. Comprou doces e voltou para debaixo das árvores. “Ele já não estava lá. Procurei em volta e vi ele em cima da jaqueira”, comentou o morador de rua. Naquele momento, um grupo de instrutores fazia uma espécie de cerco ao rapaz. O jovem reclamou com Adeílson. Disse que ele o havia “dedurado”. Para acalmá-lo, Adeílson inventou que as pessoas próximas suspeitavam que ambos estavam de olho nos veículos deles.

Para ganhar a confiança de Felipe, Adeílson subiu na árvore e começou a conversar. Em certo momento, o chamou de Felipe e perguntou-lhe porque havia saído de casa. O jovem reagiu negativamente. Respondeu que se chamava Henrique Prado. Certo da identidade do rapaz, Adeílson usou a desculpa de conseguir um cigarro e foi ao posto comunitário da PM. Pediu a um policial para telefonar à mãe de Felipe, pois o havia encontrado, mas pediu aos soldados para não irem até a árvore, por medo do jovem fugir. Os PMs o atenderam, ligaram para a mulher mas ficaram de olho em Felipe.

Em menos de 10 minutos, um primo e a irmã de Felipe, Priscila Dourado, 26 anos, chegaram ao local. “Ao ver o irmão, a menina começou a chorar e a tremer. Até chorei junto”, relatou. Priscila nada falou ao irmão. Apenas o abraçou. Felipe pediu para ir para casa. Mas os parentes o levaram ao Hospital Regional do Guará (HRGu). Vestia a mesma roupa com a qual desapareceu. A família pediu que não fosse divulgado detalhes sobre o estado de saúde do jovem. Ele deixou o hospital por volta das 18h30, e foi levado para a casa de parentes. (Fonte: Correio Braziliense)